15 agosto 16

Gestão de pessoas em época de incertezas

Publicado por: Ariane Subtil

A constante necessidade de se adaptar e manter a sustentabilidade dos negócios em meio a um cenário econômico desafiador tem levado muitos empresários brasileiros a decidir pela redução do quadro de funcionários. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – CAGED do Ministério do Trabalho e Emprego, apenas no primeiro semestre de 2015, o setor do comércio em Minas Gerais registrou o fechamento de aproximadamente 23 mil postos de trabalho. O desafiador de manter a produtividade alta com a equipe enxuta exige um alto nível de capacitação e cuidados dos gestores, uma vez que falhas nesse processo podem gerar conseqüências negativas para a empresa, com passivos trabalhistas, possíveis danos a imagem institucional e desmotivação dos empregados que permanecem na organização.

Para o coordenador do Núcleo de Desenvolvimento de Pessoas e Lideranças da Fundação Dom Cabral, Anderson Sant’Anna, quando os desligamentos são inevitáveis, um bom planejamento é imprescindível. ”A decisão deve ser comunicada pessoalmente e, de preferência, pelo superior imediato. Ele deve ser orientado e treinado adequadamente para executar a tarefa que exige muito preparo emocional, pois as reações de quem recebe a notícia podem ser as mais variadas”, pondera.

Sant’Anna explica que a imagem do indivíduo deve ser preservada; tanto ele quanto os colegas devem entender o real motivo do desligamento como relacionado à atual conjuntura e não necessariamente à pessoa. Para o especialista, a companhia deve ser capaz de explicar por que certos perfis de profissionais estão sendo preservados naquele momento de reestruturação.

Abrir espaço para que o empregado que está sendo desligado se manifeste e tire suas dúvidas também é fundamental para humanizar o processo. “Quando ele estava prestes a ingressar na companhia, teve oportunidade de se expressar, sendo ouvido de forma respeitosa. Na hora de despedida, esse momento de diálogo também deve acontecer”, ressalta. Sant’Anna afirma que o feedback à sua atuação profissional precisa ser honesto e contextualizado, possibilitando o aprendizado mutuo. “Todo colaborador contribui de forma para o alcance dos objetivos da empresa e isso deve ser valorizado. No desligamento, reforçar respeitosa e profissionalmente os pontos positivos e de melhorias de sua atuação, permitindo-lhe construir uma história de sua experiência e trajetória dentro da organização é de fundamental importância para que ele possa sair motivado e mais preparado para batalhar por uma recolocação no mercado”, diz. Com essa abordagem, a organização zela pelo bom relacionamento com esse profissional, que poderá vir a ser contratado novamente no futuro, caso seja possível e necessário.

Motivando a Equipe

O desafio é igualmente grande na abordagem dos empregados que permanecem em uma organização que passou por um processo de cortes no quadro de funcionários. ”O risco de surgimento de boatos que geram desmotivação e conseqüente redução na produtividade das equipes é muito alto nessas situações. Por isso, a empresa é muito alto nessas situações. Por isso, a empresa deve planejar estratégias para manter o ânimo das pessoas”, afirma Sant’Anna. Segundo ele, é preciso agir rapidamente para que o clima de incerteza não se instale nas equipes, procurando canalizar a energia dos indivíduos para a resolução de problemas, por meio de uma comunicação estruturada e transparente. “Quem permaneceu na empresa deve receber claramente a mensagem de que suas competências estão sendo preservadas por desempenhar um papel estratégico no momento de mudança. Feito isso, os gestores devem ser capazes de mobilizar o apoio dos membros da equipe e manter o espaço para o diálogo”, avalia.

O especialista também ressalta que a importância de se adotar essa postura respeitosa perante os empregados reside não só no seu potencial de manter o nível de produtividade elevado, como também na sua capacidade de facilitar a retenção de talentos estratégicos para a organização e, a qualquer tempo, a atração de novos. “Processos de desligamento mal conduzidos podem minar a confiança daqueles profissionais cujas competências a organização gostaria de preservar, levando-os a procurar novas oportunidades, adverte.

Uma estratégia para deduzir os danos da reestruturação é não desconsiderar a dimensão da capacitação dos colaboradores. “Os gestores não podem se esquecer de que algumas pessoas poderão ficar sobrecarregadas ao assumir as tarefas de quem foi desligado. Mobilizar a energia da equipe interna, capacitando-a para enfrentar a mudança pode ser uma boa alternativa para motivá-los nesse momento de incerteza”.

Fonte: CDL NEWS Teófilo Otoni – Janeiro a março de 2016